No Brasil, cerca de 20 mil pessoas morrem por ano vitimas da automedicação Todos os anos, cerca de 20 mil pessoas morrem no Brasil vítimas da automedicação, a maioria devido à intoxicação e reações ligadas a alergia e hipersensibilidade. Essa informação é da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), reforçada por dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), segundo os quais os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações. Somente em 2002 os medicamentos provocaram 26,9% do total de intoxicações registradas no país. Um estudo conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde demonstra que o mercado brasileiro dispõe de mais de 32 mil medicamentos – o motivo pelo qual o Brasil se situa em sexto lugar entre os países consumidores de medicamentos, respondendo por R$ 14,3 bilhões dos R$ 529 bilhões movimentados no mercado mundial. É grande o número de pessoas que toda vez que você sente dor de cabeça, azia ou sintomas de gripe recorre à "farmacinha" mantida em casa para lançar mão daquele remédio que foi adquirido devido à propaganda da TV. "A alta freqüência de propagandas, por meio da mídia eletrônica, é muitas vezes um fator contribuinte para a automedicação de pessoas leigas no assunto", afirma a farmacêutica responsável pelo Centro de Distribuição de Medicamentos do Hospital e Maternidade MadreCor de Uberlândia, Andressa Fonseca. "Isso sem contar as 'receitas' de familiares e amigos, para os mais diversos problemas: da dificuldade para emagrecer à má-digestão", completa Fonseca. A maioria das pessoas acha que os medicamentos vendidos sem necessidade de receita médica – como fitoterápicos, analgésicos, laxantes, gotas nasais e colírios – são inofensivos. Porém, está comprovado que a utilização indevida de qualquer um deles causa sérios danos à saúde. "O medicamento sem indicação médica pode não trazer o resultado esperado e causar problemas à sua saúde", alerta a farmacêutica. Segundo Andressa Fonseca, usar os remédios da forma correta é importante para garantir a eficácia do tratamento e para prevenir complicações decorrentes da aplicação errada do medicamento. "Tire todas as dúvidas sobre seu tratamento com o médico e com seu farmacêutico e conheça seus medicamentos, saiba para que eles são utilizados e como administrá-los", sugere. Dicas Cada tipo de remédio exige cuidados específicos no manuseio e manutenção. Antes de tomar um medicamento sempre verifique: nome, dosagem, equivalência e a validade. "É importante manter o medicamento em sua embalagem original, pois além de protegê-lo ela traz toda identificação do produto", diz Andressa Fonseca. Cuidados com a higiene e conservação também são dicas importantes. "Lave sempre as mãos antes do manuseio e guarde seu medicamento em locais limpos e secos, longe da luz e altas temperaturas. Mantenha os medicamentos fora do alcance das crianças, que podem confundi-los com balas, sucos e doces", alerta Fonseca. Combate à automedicação No Brasil, o Ministério da Saúde lançou, em 2005, o Programa Dose Certa para combater a automedicação. Trata-se do fracionamento, ou seja, o paciente leva para casa apenas a quantidade necessária de remédio para seu tratamento. Segundo a Anvisa, a venda fracionada reduz os riscos de intoxicação. "Com a sobra de medicamentos, muitas pessoas acabam intoxicadas pela ingestão de um produto vencido ou inadequado. Portanto, sempre que terminar de utilizar um medicamento, descarte a sobra num lugar seguro, longe de crianças e animais domésticos. É preciso muito cuidado, pois 'a dose correta é que diferencia um veneno de um remédio'", finaliza Andressa Fonseca. Érica Magalhães MF Comunicação |