Número de pneumologistas na Bahia não é suficiente para atender a população
Estado é o terceiro do país em casos de tuberculose e a carência de especialistas interfere diretamente nesta alta incidência
A Sociedade de Pneumologia da Bahia (SPB), filiada à Sociedade Brasileira de Pneumologia (SBPT), possui 137 associados. Quase 70% deles estão em Salvador e região metropolitana. "Sabemos que, em relação ao numero de sócios, não há muito mais pneumologistas no estado. Essa grande defasagem é uma reclamação nacional, mas em um estado com grande número de pacientes com tuberculose, essa ausência é ainda mais sentida", comenta dra. Eliana Dias Matos, professora adjunta da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e presidente da SPB.
Dra. Eliana atribui este fato à baixa procura de residentes pela especialidade, à falta de incentivo por parte das escolas de medicina desde o inicio da graduação, e até das entidades médicas, na valorização da especialidade. "Acredito que, por meio de uma ampla divulgação e também integrando os estudantes nos cursos de atualização promovidos pela SPB, é possível estimular a atuação na área".
Embora contando com um número insuficiente de pneumologistas para atuação em um estado com uma população de cerca de 13 milhões de habitantes, a Sociedade de Pneumologia da Bahia e a Universidade Federal da Bahia (representada pelo Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos) apresentaram um projeto à Secretaria de Saúde do Estado da Bahia de "Abordagem Global do Sintomático Respiratório", uma adaptação do PAL (Pratical Approaach to Lung Health).
Defendida pela OMS, a iniciativa visa à prevenção e assistência a pacientes portadores das doenças respiratórias mais prevalentes na população – asma, DPOC, tuberculose e infecções respiratórias -, integrando de forma racional os diferentes níveis de atenção ao sintomático respiratório - da unidade básica de saúde aos serviços públicos de referência no estado, entre elas destacam-se o Hospital Octávio Mangabeira, o Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário (UFBA) e o ProAr, direcionado especificamente à atenção à asma grave.
O projeto despertou o interesse de gestores da Secretaria Estadual de Saúde, estando em fase já avançada de programação para sua implantação no estado – prevista para o próximo ano. O projeto, baseado na estratégia PAL da OMS, foi adaptado à realidade baiana e prevê que o governo forneça espirômetros - aparelhos que medem a capacidade respiratória -, e oxímetros, que aferem a quantidade de oxigênio no sangue, enquanto que a SPB e a Universidade Federal ficarão responsáveis pelo treinamento dos profissionais. Nos centros de atendimento, haverá unidades com toda a medicação necessária, para as doenças respiratórias mais prevalentes para que o paciente não tenha de recorrer a outros pólos de saúde.
Adicionalmente, como conseqüência, deverá ocorrer maior disponibilidade de recursos materiais e humanos para modernização dos centros de referências em Pneumologia do estado que atendem aos usuários do SUS.
"É imprescindível um treinamento adequado para difusão do conhecimento necessário à atenção primária de saúde, apresentando a atividade prática do pneumologista e ensinando a identificação rápida e simples das cinco principais doenças pulmonares: asma, tuberculose, DPOC e infecções respiratórias", afirma dra. Eliana.
As primeiras cidades a receberem este modelo serão Vitória da Conquista, Jequié, Itabuna e Ilhéus, com previsão de expansão para todo o estado.
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