As jovens que cumprem medida socioeducativa no Centro de Reeducação Social São Jerônimo, localizado no bairro Horto, em Belo Horizonte, unidade exclusivamente feminina, atualmente têm uma rotina que propicia a interação entre as próprias internas, as agentes socioeducativas encarregadas de garantir a segurança do local e a Polícia Militar. A nova realidade é resultado do projeto Polícia na Medida, que oferece a elas passeios, recreação e a prática de esportes.
Nessa quarta-feira (26), as meninas passaram o dia no Clube Recreativo dos Servidores Públicos (Cresp), em São José da Lapa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Elas participaram de uma partida de futebol, aproveitaram a piscina, jogaram sinuca, totó, karaokê, vôlei e ainda fizeram hidroginástica. A iniciativa atende ao Artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que coloca como obrigação da família, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar o acesso à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer e à cultura.
A recreação e prática de esportes já eram constantes no Centro São Jerônimo, mesmo antes do início do projeto, conforme destaca o diretor de atendimento da unidade, Eduardo Pio de Souza. "A gente só transferiu as atividades de lugar. A ideia é que as adolescentes saiam e circulem por diversos espaços", afirma.
Estereótipos
O Centro Socioeducativo serve de espaço também para a prática de atividades do projeto SuperAÇÃO, em que as jovens participam de oficinas esportivas com a orientação de um professor de educação física. Já por meio do projeto Polícia na Medida, seis policiais militares passaram a ir à unidade, quinzenalmente, para ministrar oficinas de percussão e dança.
Eduardo Lopes da Silva é policial militar há 22 anos e hoje dá aulas de basquete no Centro São Jerônimo. Ele explica que o Polícia na Medida é uma extensão do programa Juventude e Polícia, que promove a quebra de estereótipos e preconceitos dos dois lados, em escolas e comunidades, com a realização de oficinas de percussão, grafite, dança, teatro e basquete. "O objetivo é mostrar outro lado da polícia. A polícia que não está lá para prender, mas para ajudar, conversar, dar oportunidade", diz.
O soldado Marcelo Concesso, que é instrutor de dança na unidade socioeducativa, conta que, nas primeiras aulas, os instrutores vão fardados, mas que depois usam a roupa de educação física. "A princípio, há restrição de algumas adolescentes com a nossa presença, mas a maior parte acaba nos acolhendo bem", afirma.
Uma adolescente de 16 anos conta que, em um primeiro momento, achou estranho que os policiais estivessem ali para ajudar. Ela conta que hoje considera a aproximação normal. "Eu mesma tenho um tio que é militar e vem sempre me visitar e notava que algumas colegas ficam desconfiadas. Isso agora deverá mudar", acredita.
A adolescente conta que participa das aulas de dança do Polícia na Medida, além de fazer aula de pintura e cursar o ensino médio na escola da unidade. Este ano ela quer fazer um curso técnico e já tem planos para quando a medida de internação chegar ao fim. "Vou trabalhar na loja da minha tia e ser técnica em eletrônica", prevê.
Agência Minas
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